quarta-feira, 9 de maio de 2007

Recado de Sofia a Henri

Desde que descobri o pecado de Eva, nunca mais consegui despistar-me de seu labirinto. Se o preço do paraíso é o pesar, eu pago e saboreio a culpa com equivalente volúpia. E se viver já é, por si só, poder e padecer, eu trato de crescer ao som de poemas recitados por belos jovens como você; isso quando e se eu encontrar alguém que declame a sua altura e com o seu olhar de laguna.

Você toca no meu idealismo, no meu lirismo e nas minhas bobagens, e agulha pano vagabundo como se fosse seda. Você desperdiça o seu mel, para a minha surpresa, sem qualquer menção à economia. Eu torpedeio o seu realismo e você sabe. Você fala até de não saber mais, a essa altura do campeonato, de coisa alguma.

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