domingo, 13 de dezembro de 2009

(desmando)

corra, menina, corra
estão com pressa todos
os coelhos de Alice
aqui embaixo,
tudo é superfície
o que existe
é o que acontece agora
Alice, tire os seus olhos
ceguetas do futuro

(em alto mar, arremesse
o baú com todos
os antigos tesouros;
eles não valem
mais nada)
...

quando foi mesmo
que você perdeu
as suas certezas?

te mando
um cummings
por dia
e sei que ele
é um invejoso
wake(up) girlgold

(alguém acende
a luz, e eu vejo
você deslumbrada,
deslumbrante fora do
casulo)

quando
foi mesmo que
eu perdi as minhas
certezas?

corro

sábado, 12 de dezembro de 2009

Cadela Rosa

Sol forte, céu azul. O Rio sua.
Praia apinhada de barracas. Nua,
passo apressado, você cruza a rua.

Nunca vi um cão tão nu, tão sem nada,
sem pêlo, pele tão avermelhada...
Quem a vê até troca de calçada.
(...)
(Tetas cheias de leite.) Em que favela
você os escondeu, em que ruela,
pra viver sua vida de cadela?

(...)
A piada mais contada hoje em dia
é que os mendigos, em vez de comida,
andam comprando bóias salva-vidas.

Você, no estado em que está, com esses peitos,
jogada no rio, afundava feito
parafuso. Falando sério, o jeito

mesmo é vestir alguma fantasia.
Não dá pra você ficar por aí à
toa com essa cara. Você devia

pôr uma máscara qualquer. Que tal?
Até a quarta-feira, é Carnaval!


(Elizabeth Bishop, 1979)
 
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