quarta-feira, 9 de maio de 2007

Cecília - Parte 1

A primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor.

É difícil falar da Cecília. É difícil pensar na Cecília de outra forma que não com um sorriso.

Errei na dose. Errei no amor.

Acertei uma flecha no coração dela e, não tardou, ela arrancou o meu. Doeu. Errei, erramos. Não conseguimos, não seguimos nem controlamos. E doía toda vez que não era céu. Quando eu hesitava em desperdiçar o meu mel, ela nem estava mais ligando.

Me apossei de suas pernas e das suas ternas e desesperadas idéias. Me instalei no seu jardim como se eu fosse a flor que toda flor quisesse ser e no lugar em que deve estar uma flor que se propõe a tal.

Dormi e amanheci ao seu lado dias que não couberam no calendário antes da hora de acordar: dei-me, dei-me conta. Estava pronto para virar borboleta e, então, segui no meu casulo de cetim, já que não de seda, como quem rola no chão molhado a ser lavado, como criança, como tudo o que sou e que tenho e que posso; e de tudo que podem as mais belas borboletas, mariposas e até, por que não, as gaivotas? Dei tudo o que sou e que ainda tenho. Eu descobri que nasci para o mundo e não pra mim. E o mundo, agora sim, é meu, tão meu.

E agora os poetas, os cantores e as Cecílias com mil refletores...

E, para a Cecília, apenas o que ela tanto merece: alegria. Se eu puder sussurrar minhas canções de amor de ruim, ou se eu puder me envaidecer de um suspiro enfim, então nada me falta. E é isso o que espero de nós poetas de meia tigela e das Cecílias sem parafusos: esse fôlego intenso e intruso que transforma, que eleva. E que o nosso amor se sagre da forma que merece ad eternum e daqui pra frente do jeito que for.
 
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