terça-feira, 28 de agosto de 2007

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Helena - Parte 1

Helena era a típica heroína solitária chicana. Quase anônima como a grande maioria. Nunca soubemos o seu nome verdadeiro; nem eu nem o mais poderoso de seus clientes. Participara de inúmeras revoluções, todas elas no continente americano, sempre sob a proteção do pseudônimo.

Cansada de sangue e mais sangue, ela chegava à Amsterdã para oferecer o seu corpo vivo ao mortal que fosse. Precisava arrecadar junto aos senhores de bem a quantia necessária à compra da revolução. Em troca, oferecia-lhes o prazer que seus móveis, imóveis, esposas e estilos de vida não conseguiam.

Helena não negava o mundo à sua volta, mas simplesmente o combatia.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Edição da Sofia

À minha meia dúzia de leitores: comecei a editar a Sofia. O texto ainda não é definitivo, mas você pode acompanhar por aqui.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Amsterdã - Parte 1

Eu me lembro, como se fosse hoje, da primeira vez que decidimos sair pelo mundo afora. Era início da noite, metade do dia. A Terra e todos os seus satélites giravam indiferentes; os outros planetas também. Plutão estava frio e calculista em seu esconderijo de astro. Mercúrio queimava por dentro: primeiro, corado, perto, bem perto do Sol. Éramos um casal de apaixonados.

Eu assentia que Sofia quisesse o Universo ao passo que ela me doutrinasse sobre o poder da sofisticação. Era inato. Relato que a jovem mulher nada dizia a respeito, mas levava à boca a piteira, incapaz de admitir que amarelassem quão formosas são as suas mãos de fada. Só assim é que ela permitia-se uma cigarrilha. Nunca lhe faltou merecimento. Não fosse o meu desdém pelo assunto, eu arrancaria o misticismo destas solitárias páginas e lhes daria vida.

Sofia tinha lobos e lebres e lábias de outrem a palpitar-lhe as veias. Isso foi desde sempre. Agora, é tudo polução noturna. E nós uma história sobre dois jovens tentando ganhar a vida fácil. Luzes vermelhas. Longe das câmeras e dos antigos caminhos, nós éramos menininhos sobre as suas bicicletas. A vida, o príncipe do primeiro baile.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Júlia - Parte 2

Eu vou ao psicanalista fazer terapia do riso. Ele não pára de rir e só a ele eu reservo os meus segredos mais profundos. Nem todos. Você sabe como é. Em troca, ele me dá inenarrável atenção. Mas eu queria mesmo era dar pro meu terapeuta!

Júlia - Parte 1

Antes que me pergunte sobre o que foi feito de Sofia, eu adianto: ela escolheu o seu destino. E foi pelo acaso desse mesmo destino que Júlia me ligou depois de meses sem vê-la e tempos muitos mais sem senti-la. Ela disse aquelas coisas
- Caramba! Como é que você tá?

E outras
- Por que sumiu? Foi vingança?

Conversamos um pouquinho pelo telefone e ela me convidou para um provável programa de índio. Eu fiquei de pensar e retorná-la. Só que já tinha combinado com a ex (não Sofia, mas Marie, a anterior) de ir ao cinema. Perdi o horário do cinema por ter esquecido de sacar algum trocado. Sugeri, pois, à Marie que me acompanhasse até o banco para que, em seguida, fôssemos ao encontro de Júlia.

Júlia pensava que eu não fosse mais – aposto. Mas a vi aquecer a mesa com cerveja e dois bem apessoados amigos antes do início da apresentação. Não era mais minha amiga e nós não iríamos sair. Ela veio doce e sedutora, veneno camuflado, chocolate e tonalizante loiro. Eu fui como quem não quer nada, conheci seus colegas e apresentei Marie, como Marie, aos presentes na mesa. Voltei para casa com Marie antes que os demais se dirigissem ao destino combinado. Lá nos amamos.

No segundo encontro, Júlia disse já ter em mente os próximos e que eles não me incluíam para além de um amigo. Nós, segundo ela dois bicudos, nem sequer poderíamos transar. Por um reencontro e dois segundos, eu compreendi que não era essa a vez do xeque-mate de minhas carências e nem de amarrá-las desnudas aos suaves pés de Júlia – ela estava mais bonita do que nunca – à espera de migalhas de pão francês.Também não era o esperado momento em que eu me casaria, com ela ou com Marie, como um bom burguês. Eu tinha de pensar em outra solução.
 
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