segunda-feira, 16 de julho de 2007

Henri - Parte 1.1

Estávamos prestes a terminar. Ou Henri me deixaria enfim ou eu o faria abandonar-me. Cansei-me de suas misérias, de seu choro forte, de seu corpo frágil cada vez mais magro. Como podem idéias tão densas saírem dali, daquele humano tão suave e perecível? Toda vez que o encontro, torna-me novamente impossível deixá-lo, seja por extrema pena que me acomete, ou por profunda devoção ao que me causa. Henri constrói seus castelos com a pressa de quem tem os dias contados. Ando apavorada.

Me atormentas, Henri, de modo que às vezes me canso de ti. És tão profundo e exaustivo que apenas algumas horas, apenas alguns minutos de ti em mim são o suficiente. Pensei em dar-te um concerto de Chopin e até uma ópera de Wagner - algo que o fizesse perceber-me, perceber o que causas em meu corpo; que o fizesse ler o que sinto quando vejo as luzes de suas páginas e confesso-te que me tenta e que me trai o torpe desejo de fechá-las.

Resistir-te é morrer em mim. É encerrar-me em mim, Henri: é encerrá-lo. Será que tu não vês? Não respeitas a minha paz? Sabes que a ti sempre retorno. E, no entanto, fazes pouco caso do pouco que te ofereço. Queres sempre mais e melhor. Queres sempre o futuro. Queres, sobretudo, o que não tenho, Henri; o que não tenho. E, ao procurar em mim o que não tenho, fazes que o procure e que o tenha e seja.

Faço com que me deseje
Ele sorri.

Um comentário:

Anônimo disse...

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