sexta-feira, 22 de junho de 2007

Sofia - Parte V


A modelo, descalça, com camisa patriota (da copa de 70, se não me engano) chamava-se Sofia e, assim como não tinha escova de cabelo, não tinha sobrenome. A pobre só escutava os conselhos de seu cavalo Macaco. Era mais feliz.


Você sonhou que cortava o cabelo esses dias, lembra? – Sofia adora respostas e livros com respostas sobre os sonhos que ela teve. "Mais que bonito!" - repliquei. A mim, para quem tudo é rodas gigantes e montanhas russas...parece-me tão divertido bailar aos sonhos de outrem. Não entendo a resistência consensual a respeito dos sonhos. O que mais poderíamos fazer com fantásticas fábricas de chocolates senão voltar os olhos em direção aos grandes portões dos castelos e fazer que sim?

O mais divertido é que o ímpeto que tive, no momento em que ela arriscou narrar os desenhos do inconsciente, foi de dizer "Não! Por favor, não. Eu quero a moça de cabelos longos! "As meninas todas agora querem cortar o cabelo. Vai que você resolve cortar também? Tolir seus fios de ouro de bailarem ao vento de anil? Eu não quero, eu não deixo. Mas que diferença isso faz?

Acho que não tem mais jeito. Cuspido no céu e inferno cosmopolitas, o desejo de tornar-me fazendeiro morre sempre no terceiro dia. Subir aos céus e sentar à direita do todo-poderoso? Eu queria voar, Sofia! Talvez já tenha mesmo vencido o meu prazo de validade. Quem existe de verdade teme que a redenção seja um tédio.

Dope
Poesia
Ou amor por caridade
Desta vez, Sofia
Parece não ser remédio.

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