quarta-feira, 26 de março de 2008

oOO BUnda o o o O

Para o pobre
coitado,
bunda

Para acompanhar
o samba,
bunda

Para acompanhar
o gringo,
bunda

Para a celulite,
nenhuma solução.

terça-feira, 25 de março de 2008

About me

I'm interested
about people
their feelings
means
and meanings

quarta-feira, 12 de março de 2008

Cai, cai, balão

o céu
.
.
.
o chão:

- ai!

o céu
.
.
.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Putaria

Esquerda, direita, esquerda, direita. Esquerda. Direita. Meus dedos marcham o seu corpo nu. Helena é um copo de leite pela manhã, pão-de-açúcar, o seio esquerdo maior que o direito. Ela seio, eu cuspe.

Bruta. Helena é forte e bruta; bruta porque defende em si toda a infância da vida. Helena é um mundo sem fim. É garoto imundo embaixo da marquise. Ouvi dizer que, quando tem as suas crises, Helena é qualquer outra coisa. Mariposa, larva, ovo. Uma ova! Mulher Helena é lobo: lobo em pele de lobo. É mulher, é maluco, é gasolina. É serpentina fora de época.

Eu desejo que todo carnaval de Helena não acabe; que essa noite não acabe nunca. Jabor diz que sexo é genitália. Helena diz o que tenta disfarçar qualquer malandro, qualquer canalha. E nem por isso é menos ordinária (na auto-acusação há um quê de volúpia...). É que ela não se finge de otária. Não é. Helena é orgulho, é futuro, é foda. Eu quero mais é que ela me fôda.

Pássaro, peste, margaridas. Helena naquela sua calça comprida vestida numa perna só. Só assim não tinha mais jeito. Ela me dava o que era de direito e eu agradecia. Eu era culpada, vadia, constrangida e sapatão. Helena era um rojão e todas aquelas frases...Ai. Eu, Sofia, safada, católica, paquita, ouvia o que não era mais confissão. Eu lambia, ela lambia. Eu gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia, gemia

Futuro do Pretérito - Parte 4

Bebíamos vodka e saliva nos intervalos. Eu e Sofia dividíamos tudo: o quarto, a cama e a vida. Nós éramos uma e mais dois ou três. Nos devorávamos, alimentávamos uma da outra. Fomos até vampiras antes de caipiras, hippie-chics, paranóicas e madre -terezas de araque.

Sofia gosta de Henri e também gostava de mim. Ele não conseguiu conceber sentimento tão avesso às escrituras e a deixou. Irresitível é aconchegar-se na certeza de um conto de fadas.

Henri tornou-se o príncipe de orgulho e testa feridos, e eu a fada madrinha hipocondríaca a acobertar qual fosse a desilusão. Ele tinha a puta libertina e a assumia. E não foi capaz de enxergar a mulher que emergia em meio àquele monte de disse-me-disse e menáge a troi.

domingo, 2 de março de 2008

Futuro do Pretérito - Parte 3

Alguns holandeses não cheiravam muito bem, e aquele perfume forte e de mau gosto desafiava a escolhida do Marquês de Sade. Imagine o que não nos causava, burguesinhas de merda, duras, dando pra coroas em troca de um trocado?

O dia era todo vermelho. Éramos duas putonas ensandecidas, aprendizes de terroristas fugidos e de putas de maior quilate. Tínhamos o corpinho bem delineado. Eu, que sempre quis usar delineador, nem lá na Holanda eu consegui.

No dia em que eu aprender a aplicar maquiagem, no rosto que seja, serei capaz de dominar o mundo. Eu e Sofia queríamos dominar o mundo.

Futuro do Pretérito - Parte 2

Não tenha medo nem pena do Lobo Mau! - eu lhe encorajava as revoluções. A essa altura, éramos todos bichos. Porcos e cobras e cabras também. Agora era tudo ou nada.

Quando enfim putas braZucas xenófobas em território alheio, eu e Sofia nos divertíamos pela quase improvável madrugada. E nos vimos presas: eu aos meus ideais, ela a seu onírico passado.

Futuro do Pretérito - Parte 1

Ele disse não. Henri nunca mais atendeu a um telefonema e, quando o fez, resumiu-se a um basta. Amava Sofia mas não seria capaz de suportar mais de um de seus dias sem tempo, mais um segundo de seu silêncio.

Na última vez que que se viram, Henri e Sofia, ele nem sequer provou de seu sexo, mas, passarinho que é, encheu os alvéolos de ar de professor para falar a Sofia sobre o que ela deveria aprender - o termo fez questão de frisar.

Condenada ao tempo incerto, Sofia obsecava-se sob o cárcere da recente perda. E como chorava. Queria morrer - confessou-me. Eu disse que não. Conjeturei como seria viver a seu lado. Inveja boa.

Sozinha, Sofia tinha hoje os olhos na janela. Nem um centímetro a mais. Seu pensamento sempre foi mais longe.
 
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